domingo, 16 de agosto de 2015

A primeira impressão.

A primeira aula foi uma surpresa. Logo de início a Andrea pediu para os participantes fazerem um círculo com suas respectivas cadeiras, procedimento incomum em disciplinas obrigatórias do BCH, onde as salas costumam ficar abarrotadas. Esse procedimento logo incomodou os alunos passivos, acostumados (talvez viciados) ao padrão escolar, onde os “sem luz” se sentam em frente ao mestre, esperando a informação ser cuspida. As cadeiras restantes foram jogadas no meio da sala, de uma maneira desorganizada, causando certo estranhamento por parte dos alunos. Esse pequeno ato transgressor despertou os mais variados sentimentos nos estudantes, desde o clássico “ah, essa professora não fala nada com nada, mas me dá um A”, até os que ficaram maravilhados com a obra. A maneira com que cada aluno se deparou com a obra reflete sua relação com a universidade e com a sociedade. As infinitas maneiras de interpretação do ato transgressor que passaram por minha cabeça fazem contraste com o colega que murmurou “coitada das tias da limpeza”. Quão tediosa deve ser a mente de quem apenas viu ali uma desorganização de determinado padrão social, talvez até naturalizado, entretanto, o ato pode ter sido o estopim para a reflexão e desconstrução desse padrão na subjetividade desse ser. Existe a crítica ao modelo clássico de ensino na própria UFABC, entretanto as críticas são feitas dentro desse padrão, perpetuando-o. A performance da aula foi um passo além, principalmente por pegar desprevenidos muitos alunos que, apesar de críticos, não chegam a fazer uma auto-reflexão acerca da instituição em que estão inseridos.
- Ricardo Oliveira Zanchetta.

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